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BLOG MAR & DEFESA

O declínio do Poder Naval Brasileiro*

Paulo Maia**



MAR & DEFESA | 24 DE OUTUBRO DE 2023

Imagem baixada do artigo original em 13/10/23.



OS OCEANOS exercem um papel fundamental na globalização econômica e na política internacional, sendo que nos últimos anos as massas oceânicas têm tido sua importância cada vez mais destacada em função de relevantes riquezas e um dos principais meios de locomoção e conexão entre redes comerciais e países, além de permitir que as nações mais desenvolvidas projetem seu poder econômico e militar seja em âmbito regional ou global. Os estados nacionais mais poderosos dedicam-se à construção e manutenção de Poder Naval.


O Brasil apesar de integrar o grupo de países mais ricos do planeta devido à exportação de “commodities”, acaba por ser associado às nações ainda em desenvolvimento, por possuir um Poder Nacional incompatível com suas dimensões e importância, resultado da debilidade política, psicossocial, cientifico-tecnológica e militar. A falta de um projeto nacional de grandeza que possa levar o País a ser, em si mesmo, um centro de poder independente, limita a oportunidade de ser uma liderança regional. E mesmo esta liderança poderá ser questionada no futuro próximo no caso de a Argentina ou a Venezuela tiverem franca recuperação econômica.


A debilidade política, psicossocial e cientifico-tecnológica do Poder Nacional se reflete diretamente no Poder Militar brasileiro que e subdimensionado e incompatível com o nível de riquezas e da população que deve proteger e defender. Neste contexto o Poder Naval é o que tem sofrido o maior nível de degradação nos últimos anos. A falta de prioridade de sucessivos governos e o alto nível de investimentos para obtenção, operação, manutenção e modernização de meios contribuiu para uma diminuição gradativa e constante da Marinha do Brasil (MB), com o agravante da obsolescência de navios em bloco, que levará a uma redução da atual frota em cerca de 40 % até o ano de 2028, segundo o seu atual comandante o almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen [N.E.: A declaração do Comandante da Marinha pode ser lida no artigo "CREDN - Relatório da 11ª Reunião Extraordinária - 17 de maio de 2023", que pode ser acessado pelo link https://www.maredefesa.com.br/post/credn-relat%C3%B3rio-da-11%C2%AA-reuni%C3%A3o-extraordin%C3%A1ria-17-de-maio-de-2023].


São de inquestionável importância os programas de construção de submarinos e fragatas, além dos primeiros passos na construção de um submarino de propulsão nuclear, que será equipado com sistemas de armas convencionais, que deverá ser incorporado em 2037 à Força de Submarinos (ForSub). No dia 04 deste mês, aconteceu o corte da primeira chapa da seção de qualificação do Álvaro Alberto, uma boa notícia, claro, mas não oculta o fato de que, em 2023, a MB perdeu a metade de seus submarinos [N.E.: Cabe ressaltar que, entre os atuais submarinos da classe Tupi e o SCPN Álvaro Alberto, a Marinha tem recebido, num intervalo de dois anos, um novo submarino da classe Riachuelo, baseada no projeto francês Scorpène, cujas quatro unidades estão sendo construídas em Itaguaí/RJ. Observa-se que a cada incorporação de uma unidade da nova classe, uma outra da classe antiga tem sido desativada].


Desses três submarinos, o Tamoio, por apresentar uma grave avaria técnica nos tubos de torpedos e de alto custo para sua solução, dificilmente teria sua baixa postergada [N.E.: A baixa do S. Tamoio foi efetivada]. Entretanto, o Timbira e o Tapajó, com apenas 27 e 24 anos de idade, respectivamente, poderiam, havendo recursos suficientes, continuar em serviço por mais alguns anos, até serem substituídos por um eventual segundo lote de novos submarinos. Como se sabe, os submarinos alemães Type 209, quando submetidos a manutenções tecnicamente acuradas, possuem longa vida operacional. Um exemplo é o colombiano Pijao, comissionado em 1975, que em setembro passado se deslocou para os Estados Unidos para participar do programa DESI (“Diesel Electric Submarine Iniciative” – Iniciativa Submarino Diesel Elétrica) junto à US Navy.

* Publicado originalmente na Revista TECNOLOGIA & DEFESA em 5 de outubro de 2023. Link: https://tecnodefesa.com.br/editorial-o-declinio-do-poder-naval-brasileiro

** Jornalista da Revista TECNOLOGIA & DEFESA.

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