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Cabos submarinos europeus cortados


Publicado no blog MAR & DEFESA em 01 de novembro de 2022



NOTA INTRODUTÓRIA DO MAR & DEFESA


A edição de julho/2022 do periódico "O PERISCÓPIO", editado no âmbito da Força de Submarinos da Marinha do Brasil, trouxe o artigo Um mergulho em um ambiente mais profundo: A guerra no fundo do mar, de autoria do Capitão de Fragata Maurício Câmara Teixeira. O artigo trata do conceito de Seabed Warfare ("Guerra no Fundo do Mar"), uma modalidade de operação militar que emprega mergulhadores e veículos submarinos para danificar ou "grampear" estruturas submarinas do oponentes, como cabos submarinos, gasodutos, etc., e também instalar ou danificar redes de hidrofones no leito do mar, destinadas a monitorar o tráfego de forças navais e submarinos. Muito embora existam registros dessa modalidade de operação já no início do século XX, apenas mais recentemente ela adquiriu relevância, devido à ampliação de estruturas e sistemas submarinos de valor econômico, e ao desenvolvimento de capacidades de exploração do fundo dos oceanos por meio de navios de superfície e submarinos adaptados. Os países que detêm atualmente a maior capacidade para atuar na Seabed Warfare são os EUA, a Rússia e a França.


Apenas três meses após a publicação do artigo de O Periscópio, o mundo ficou sabendo que foram cortados alguns cabos submarinos no sul da França. Apesar de não haverem provas contundentes de uma ação militar com emprego se submarinos ou demais plataformas destinadas a esse fim, paira no ar a suspeita de que tenha sido uma operação executada por forças russas, país detentor, atualmente, de elevada capacidade para atuar nesse tipo de operação.


MATÉRIA*


Múltiplos cabos submarinos no sul de França foram cortados durante a noite de 19 de outubro, tornando o acesso à Internet pouco fiável ao nível mundial. Os engenheiros repararam as ligações perdidas e as investigações ainda estão em curso. Os dedos foram apontados para os submarinos russos devido ao conflito na Ucrânia, mas os investigadores ainda não encontraram provas que sustentem esta suposição. A resposta cada vez mais frutífera da Ucrânia à invasão da Rússia e o apoio do ocidente às forças ucranianas poderão agora estar a servir de pretexto para retaliações nas infraestruturas de comunicação, depois dos ataques aos gasodutos Nord Stream.

Na quarta-feira à noite, um incidente grave envolveu um cabo submarino no sul de França que causou problemas generalizados de conectividade à Internet. Pelo menos três cabos de fibra foram cortados às 20:30 (UTC) (21:30 hora de Portugal continental), tornando o acesso à Internet mais lento para os utilizadores na Europa, Ásia e Estados Unidos. As empresas de cloud trabalharam rapidamente para corrigir a espinha dorsal destas ligações (que por norma têm redundância). De acordo com um relatório da empresa de segurança Zscaler, o dano inesperado do cabo resultou em perda de pacotes e um aumento de latência para sites e aplicações que atravessam os caminhos afetados. A empresa identificou três ligações em baixa: Marselha-Lyon, Marselha-Milão e Marselha-Barcelona. A Zscaler fez ajustes de direcionamento no tráfego da Internet sempre que possível para mitigar o problema. No entanto, nalguns casos, as ações foram prejudicadas pelos fornecedores de aplicações e conteúdos que ainda utilizavam as ligações cortadas. Segundo o que foi reportado, numa atualização posterior publicada à 1:03:15 UTC (2:03 hora de Portugal continental), a Zscaler confirmou que os trabalhadores tinham reparado um dos links afetados, resultando numa queda na perda de pacotes e na redução da latência para websites e aplicações de Internet. As restantes ligações (provavelmente Marselha-Milão e Marselha-Barcelona) foram confirmadas cortadas através de testes diretos de fibra. No entanto, as operações de busca para encontrar os pontos danificados no cabo submarino ainda estão em curso. Enquanto a ligação Internet está lentamente a voltar ao normal, as investigações estão em curso ao nível local e global. As autoridades francesas recolheram provas sobre o incidente. Ao mesmo tempo, danos não relacionados com cabos no Reino Unido suscitaram especulações de que as linhas cortadas poderiam envolver sabotadores russos desconhecidos. A BBC também informou que um cabo submarino que liga as Ilhas Shetland à Escócia sofreu danos aproximadamente ao mesmo tempo que o incidente no Sul de França. A rutura deixou as Shetlands isoladas do resto do mundo. O corte do cabo de Shetland ocorreu enquanto os técnicos ainda estavam a trabalhar para restaurar outro cabo de ligação das Ilhas Faroé a Shetland que foi cortado há uma semana.

A probabilidade de ocorrência de múltiplos incidentes na infraestrutura europeia de fibra submarina é diminuta. Os cenários hipotéticos de submarinos russos que danificam a infraestrutura mundial da Internet parecem bastante extremos. No entanto, a atual crise geopolítica criada pela invasão russa à Ucrânia suscita preocupações quanto ao envolvimento do Kremlin. *Fonte: Site DCiber. Link: https://dciber.org/cabos-submarinos-europeus-de-comunicacoes-foram-cortados-quarta-feira-passada. Consulta realizada em 24/10/22.

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1 Comment


Unknown member
Nov 01, 2022

Hora de o Brasil voltar sua atenção para esse novo tipo de guerra. Aliada à guerra cibernética, é uma modalidade de operação "a frio", sem fumaça nem fogo, mas com enormes prejuízos para a economia de um país.

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