Francisco Novellino*
MAR & DEFESA | 18 DE DEZEMBRO DE 2024
Imagem: https://blog.eumilitar.com/porte-de-arma-militares-do-exercito-tem-direito. Acessada em 18/12/24.
Militares precisam de três coisas para se manterem satisfeitos e "sacrificarem suas vidas pela Pátria": dinheiro - para darem uma vida confortável às suas familias -, senso de propósito (para que eu existo?) e, finalmente, valorização (por parte dos chefes e da sociedade).
Historicamente, no Brasil, esse tripé nunca foi suficientemente forte para sustentar o estamento militar. A República nasceu exatamente por isso. Além das defecções ostensivas - como é o caso recente dos oficiais-aviadores da FAB -, existe uma "defecção silenciosa", onde o militar permanece na força, mas decide que, a partir daquele momento, irá apenas "defender o seu"; torna-se um funcionário público fardado, procurando servir em comissões onde não é tão exigido, como estando na tropa, em esquadrões ou a bordo de navios. Uma terceira iniciativa dos militares que permanecem é a de optar por especialidades que lhes possibilitam entrar mais facilmente no mercado após deixarem o Serviço Ativo.
Até mesmo em países onde a percepção de importância da segurança nacional é relevante, crises motivacionais ocorrem ocasionalmente. A título de exemplo, a Marinha dos EUA promoveu o filme "Top Gun", na década de 1980, a fim de atrair oficiais para a aviação embarcada - e a estratégia funcionou! Se isso ocorre nos EUA, imaginem no Brasil, onde tanto o político brasileiro, quanto o eleitor que o colocou no Congresso Nacional ou no Palácio do Planalto, não sabem exatamente o porque da existência das Forças Armadas. E o que é pior: inventam atribuições para justifica-las, desviando-as de sua missão principal.
* Capitão de Mar e Guerra (Reformado) da Marinha do Brasil, Editor do Blog MAR & DEFESA.
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